quinta-feira, 18 de março de 2010

[LEITURA] Rui Barbosa, o ladrão e os patos
Rui Barbosa, ao chegar em casa um certo dia, ouviu um barulho estranho vindo do seu quintal. Chegando lá, constatou um ladrão tentando levar seus
patos de criação. Aproximou-se vagarosamente do indivíduo e,surpreendendo-o ao tentar pular o muro com seus amados patos, disse-lhe:

"Oh, bucéfalo anácrono! Não o interpelo pelo valor intrínseco dos bípedes palmípedes, mas sim pelo ato vil e sorrateiro de profanares o recôndito da
minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à socapa.

Se fazes isso por necessidade, transijo; mas se é para zombares da minha elevada prosopopéia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com minha bengala
fosfórica bem no alto da tua sinagoga, e o farei com tal ímpeto que te reduzirei à qüinquagésima potência que o vulgo denomina nada."

E o ladrão, confuso, diz:
"Dotô, eu levo ou deixo os pato?"

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